Por: Cadorno Teles
Um menino, após as aulas, sempre que podia, ia brincar na casa de seu amigo Fabrício, onde juntos jogavam bola e faziam estripulias mil em uma pracinha próxima. Certo dia, ao ver que vários passarinhos, chamados beijinhos-de-moça, brincavam nos galhos de uma das árvores que cercavam a praça, Fabrício pega sua atiradeira e atira uma bolinha de gude nos passarinhos. Os dois garotos correm para ver o que aconteceu e avistam um dos bichinhos caído morto, uma tristeza acerta Fabrício em cheio, que acaba se arrependendo do que fez e enterra a ave. Tempos depois, o colega de Fabrício passa por uma outra provação. Para ser aceito numa turma tem que matar um calango - lagartixa de muro - com uma atiradeira. As memórias de infância possuem momentos incríveis, de agruras e peripécias a tristezas e quereres. Nas mãos de um contador de história, qualquer lembrança se torna um conto encantador, que ensina e educa. É assim que o capixaba Fabiano Moraes narra a comovente história O menino e a atiradeira, da Franco editora (16 páginas). O conto, destaque no Concurso Nacional de Crônicas "Rubem Braga", lembra sua infância em Cachoeiro de Itapemirim. Um livro de poucas páginas, mas com um conteúdo de suma importância para as crianças brasileiras. Com muito lirismo a história nos ensina ecologia mostrando que agir em desacordo com as nossas convicções – para sermos aceitos em um grupo – pode nos levar a desrespeitar o próximo e a nós mesmos. Com uma narrativa que aborda questões ecológicas, o autor recria, através da experiência passada em sua infância, a história de muitos meninos e suas atiradeiras. Um conto que provocará no leitor uma vontade de salvar uma vida em cada estilingue, baladeira, bodoque, funda ou atiradeira quebrada ou jogada fora. Com ilustrações de Walter Lara, O menino e a atiradeira possui uma bela parceria em texto e imagem que agrada e ajuda no entendimento da história.
Editora Franco